O ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou nesta terça-feira (5) que
repassou propinas que variaram entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões ao
senador Edison Lobão (PMDB-MA), na época em que ele era ministro de
Minas e Energia. O ex-diretor disse ainda que o dinheiro também tinha
como destinatária a então governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB).
A declaração de Costa foi dada em resposta à deputada Eliziane Gama
(PPS-MA), durante audiência pública realizada pela CPI da Petrobras da
Câmara dos Deputados.
“Como se deram estas conversas com o então
ministro Edison Lobão e com a governadora Roseana Sarney? Qual o
conteúdo destes encontros? Constou neste debate também o pagamento de
propinas para a refinaria de Premium?”, perguntou Gama, durante a
oitiva.
Paulo Roberto Costa respondeu que a solicitação dos recursos foi feita sem intermediários.
“Fui
numa reunião com o ministro Edison Lobão e ele me pediu recursos para
ele e para a então governadora Roseana Sarney. Este pedido foi feito
pelo ministro Lobão. Não sei se foi um milhão ou dois milhões, mas está
na minha delação”, disse Costa.
No pedido de investigação
solicitado pelo Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal
Federal (STF) contra o ex-ministro de Minas e Energia, consta trecho da
delação de Paulo Roberto Costa que afirmou que metade da propina
repassada pelo ex-diretor iria para a campanha eleitoral de Roseana, de
2010, e o restante para o próprio Lobão.
Já a Premium I foi uma
refinaria que seria erguida no município maranhense de Bacabeira, cujo
projeto se iniciou na gestão do então presidente Lula, mas foi abortado
no início de 2015 ainda na fase de terraplanagem. Custou R$ 2 bilhões
apenas na fase conceitual e de estruturação do terreno para receber o
canteiro de obras.

José Sarney
Eliziane
Gama também quis saber detalhes sobre uma afirmação feita no início do
depoimento de Paulo Roberto Costa à CPI de que as indicações políticas
para cargos da diretoria da Petrobras teriam se iniciado em 1985, início
do governo de José Sarney.
“Teria sido José Sarney, na década de
80, o grande estreante, aquele que criou todas as condições favoráveis
para este esquema de corrupção bilionário que estamos vendo hoje na
Petrobras?”, indagou a parlamentar do PPS.
Paulo Roberto Costa
contou que foi no governo de José Sarney que começaram as indicações
políticas para as diretorias da Petrobras, mas não soube informar se o
esquema de irregularidades em contratos já vigorava à época.
Eliziane
Gama perguntou ainda ao ex-diretor da estatal se ele poderia detalhar
aquilo que Costa classificou de “sistema podre”, que levou a Petrobras a
atual situação financeira.
“Quem está comandando este sistema de desvio de recursos?”, acrescentou a deputada.
O
ex-diretor disse que tinha contato com pessoas e representantes de
partidos, mas que não havia um comando no esquema de corrupção na
estatal. Costa citou o PP, PMDB e PT como beneficiários da corrupção,
enquanto ele esteve na diretoria de Abastecimento da Petrobras.

fonte: jornal pequeno