Ministro da Saúde confirma epidemia de dengue no país

Chioro afirma que houve elevação dos casos e que há sete estados em comportamento de epidemia

SÃO PAULO – O ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou nesta segunda-feira que o país vive uma epidemia de dengue. Ele chegou a negar em um primeiro momento, mas confrontado com os números, admitiu posteriormente.

— Nós temos 745.957 casos até o dia 18 de abril e sabemos que esse número aumentará. O Brasil vive uma situação de epidemia concentrado em estados que claramente estão em critérios de situação epidêmica — afirmou o ministro.
Sete estados estão em situação de epidemia: Acre, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás. O Sudeste tem a maior taxa de incidência entre todas as regiões do país, com 575,3/ 100 mil habitantes, seguido de Centro-Oeste (560,7/ 100 mil), Nordeste 173,7/ 100 mil), Sul (159,8/ 100 mil) e Norte (156,6/ 100 mil).

— Em relação a 2014, nós temos elevação em praticamente todo o país. Mas quando a gente trabalha com conceito de epidemia, nós temos duas possibilidades: ou a gente vê a série histórica e a comparação por um longo período, uma série de eventos ano a ano que nos permite ver a incidência da doença, ou adotamos o parâmetro da OMS, que considera comportamento epidêmico quando o número de casos tem incidência de 300 casos para cada 100 mil habitantes — afirmou o ministro em entrevista coletiva concedida em São Paulo.

Segundo balanço divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, o país registrou 745,9 mil casos de dengue entre 1º de janeiro e 18 de abril deste ano, o que representa um aumento de 234,2% de casos em relação ao mesmo período do ano passado e 48,6% menor em comparação com 2013, quando na mesma época foram notificadas 1,4 milhão de ocorrências da doença.

Neste ano, já foram confirmadas 229 mortes causadas pela doença nas 15 primeiras semanas do ano em todo o país, um aumento de 44,9% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram registradas 158. Em relação a 2013, quando houve 379 óbitos, há uma queda de 39,6%.

A incidência de casos no Brasil para cada grupo de 100 mil habitantes é de 367,8, índice que para a Organização Mundial da Saúde (OMS) representa situação de epidemia (a classificação mínima de epidemia é de 300/100 mil habitantes).
Além disso, afirmou o ministro, as condições climáticas neste ano “favoreceram o início da epidemia antes do tempo”, já que “houve um adiantamento que não sabemos se vai se comportar com um encerramento mais rápido”.

Chioro afirmou que possivelmente a crise hídrica influenciou o aumento dos casos da doença, já que, pela falta de água em algumas localidades, houve maior armazenamento de água sem as devidas proteções.

— Agora que temos uma situação que não é favorável, não poderia me desresponsabilizar como autoridade sanitária máxima e quero compartilhar o desafio de controlar a dengue. Que a gente tenha em 2016 um verão mais protegido, com menos doenças, menos casos graves e menos óbitos, porque nós podemos fazer, mas trabalhando em 2015 todos juntos, sem atribuir à sociedade ou a uma esfera de governo a responsabilidade exclusiva pela doença — disse o ministro.

FONTE: o globo

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