Real tem pior desempenho mundial pelo segundo dia seguido e dólar vai a R$ 4,16
O real teve novo dia de piora forte ante o dólar nesta terça-feira e foi, novamente, a moeda com a maior queda no mercado internacional, considerando uma cesta de 34 divisas, emergentes e fortes. A valorização da divisa dos Estados Unidos ante emergentes, a perspectiva de mais quedas de juros no Brasil e questões políticas em Brasília foram apontados pelos especialistas como os fatores primordiais para o dólar mais caro no Brasil. Há dois meses que a moeda americana fecha acima de R$ 4,00. Hoje, no mercado à vista, a divisa terminou o dia com valorização de 0,87%, a R$ 4,1641, a maior cotação desde o dia 24 de setembro.
O dólar operou em alta o dia todo, com operadores relatando fluxo de saída. A moeda americana destoou pelo segundo dia de outros ativos domésticos. O Ibovespa subiu e o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil foi negociado em queda, a 129 pontos nesta tarde, ante 133 do fechamento de segunda, de acordo com cotações da IHS Markit.
Para o gestor da Paineiras Investimentos, David Vaisberg Cohen, o real não vem acompanhando a melhora em outros ativos por dois fatores: o dólar tem se valorizado no exterior e pela mudança estrutural nos juros no Brasil, que estão em mínimas históricas e podem cair ainda mais. Pesquisa do Bank of America Merrill Lynch feita com investidores mostra que 37% deles já veem a Selic em 4,5% ou abaixo no final de 2019.
Com os juros baixos, além de o Brasil ficar menos atrativo para estrangeiros, Cohen ressalta que empresas trocaram emissões externas por captações domésticas, o que reduziu a entrada de dólares no país, e aumentou a procura de investidores por operações de hedge no País, por conta dos custos mais baixos. Há ainda um outro desdobramento, que é o investidor brasileiro comprando mais dólares para fazer investimentos lá fora, em busca de retornos mais altos. “O dólar está mais caro no Brasil, mas por um bom motivo, que é o juro baixo”, ressalta ele.