Toffoli se reuniu com autoridades contra movimento para afastar Bolsonaro
Para evitar crise institucional, presidente do STF se encontrou com Maia, Alcolumbre e militares
O ministro Dias Toffoli, presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, em entrevista exclusiva a
VEJA, que o Brasil esteve à beira de uma crise institucional entre os
meses de abril e maio — e disse que sua atuação foi fundamental para pôr
panos quentes numa insatisfação que se avolumava. Toffoli não deu
muitos detalhes, mas a combinação explosiva envolvia uma rejeição dos
setores político e empresarial e até de militares ao presidente Jair Bolsonaro. Um grupo de
parlamentares resolveu tirar da gaveta um projeto que previa a implantação do parlamentarismo.
Simultaneamente, um dos generais próximos ao presidente
chegou a consultar um ministro do Supremo para saber se estaria correta a
sua interpretação da Constituição segundo a qual o Exército, em caso de
necessidade, poderia lançar mão das tropas para garantir “a lei e a
ordem”. Em outras palavras, o general queria saber se, na hipótese de
uma convulsão, teria autonomia para usar os soldados independentemente
de autorização presidencial.
Longe de Brasília, a insatisfação também era grande. Empresários do
setor industrial incomodados com a paralisia da pauta econômica
discutiam a possibilidade de um impeachment do presidente.
Quando o caldo ameaçou transbordar, o presidente Bolsonaro, o
ministro Dias Toffoli, o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o
senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado, além de autoridades
militares, se reuniram separadamente mais de três dezenas de vezes para
resolver o problema.
Convencidos de que a situação
caminhava em uma direção muito perigosa, costuraram um pacto que foi
negociado em vários encontros. Resultado: a Praça dos Três Poderes
ficou, ao menos momentaneamente, pacificada.
Leia aqui entrevista completa.
Blog do Raimundo Lima