Taxa básica de juros deve ter 7ª alta consecutiva nesta quarta
Previsão do mercado é que Selic passe de 13,75% para até 14,25% ao ano.
Se confirmado, será o maior nível desde agosto de 2006 (14,75% ao ano).
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá promover a sétima elevação consecutiva nos juros básicos da economia nesta quarta-feira (29), atualmente em 13,75% ao ano,maior patamar em quase nove anos. A previsão da maior parte dos economistas do mercado financeiro é de uma uma nova alta de 0,50 ponto percentual, embora haja quem aposta também em um aumento de 0,25 ponto percentual.
Se confirmado este novo patamar para a taxa Selic, será o maior nível desde agosto de 2006 – quando estava em 14,75% ao ano.
Apesar da expectativa de nova alta, a estimativa do mercado para os juros no fim deste ano recuou de 14,5% para 14,25%, segundo pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos. Ou seja, há quem esteja vendo a provável alta desta quarta como a sétima e a última seguida, diante da intensificação do cenário recessivo no país..
Com uma taxa mais alta de juros, o Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo, atuando assim para segurar a inflação. Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros elevados prejudicam o investimento, o emprego e, subsequentemente, o crescimento da economia brasileira.
O novo aumento dos juros básicos da economia deve vir em um momento em que a economia ainda se ressente de um baixo nível de atividade, com desemprego em alta e o dólar sendo negociado no maior patamar em 12 anos, o que também pressiona a inflação.
Na semana passada, o governo revisou sua estimativa para o índice de inflação oficial (IPCA) para 2015 de 8,26% para 9,0%. Já a previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) no ano foi reduzida para uma retração de 1,49%.
Sistema de metas
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Em junho, a inflação oficial ficou em 0,79%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No semestre, o IPCA fechou em 6,17%, o maior resultado, para o período, desde 2003. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 8,89%,
O próprio Banco Central já admite que a inflação deve estourar o teto de 6,5% do sistema de metas em 2015. O mercado prevê um IPCA de 9,23%. A autoridade monetária tem dito que trabalha para evitar a propagação da inflação neste ano e para trazer a o IPCA para o centro da meta, de 4,5%, até o final de 2016.
Atividade econômica fraca
Do lado da atividade econômica, após a queda do PIB no primeiro trimestre, analistas não descartam a possibilidade de o país entrar em recessão, que se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração da economia. A expectativa da maior parte do mercado financeiro, em pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos, é de que a economia brasileira tenha retração de 1,76% em 2015 – a maior em 25 anos.
Do lado da atividade econômica, após a queda do PIB no primeiro trimestre, analistas não descartam a possibilidade de o país entrar em recessão, que se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração da economia. A expectativa da maior parte do mercado financeiro, em pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos, é de que a economia brasileira tenha retração de 1,76% em 2015 – a maior em 25 anos.
No acumulado de janeiro a maio deste ano, o nível de atividade da economia teve queda de 2,78%, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo BC e que busca ser uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB).
Última alta?
Economistas ouvidos pelo G1 afirmam que há chances desta ser a última alta seguida do juros, mas destacam que só mesmo o comunicado que será divulgado pelo Copom após a reunião é que dará mais pistas sobre o comportamento da Selic nos próximos meses.
Economistas ouvidos pelo G1 afirmam que há chances desta ser a última alta seguida do juros, mas destacam que só mesmo o comunicado que será divulgado pelo Copom após a reunião é que dará mais pistas sobre o comportamento da Selic nos próximos meses.
Para o economista-chefe da Infinity Asset Management, Jason Vieira, economista-chefe, “o Brasil conseguiu se colocar dentro de uma tempestade perfeita”.
Ele aposta em uma alta de 0,50 ponto percentual e a última seguida por parte do Copaom. “Não existem elementos econômicos que justifiquem a alteração do atual cenário para esta semana, muito menos elementos institucionais. Quaisquer sinais positivos no exterior podem se traduzir como alta nos juros americanos e adicionam ainda mais pressão à contra o real. Com a possível e última alta de juros por parte do Copom, o cenário recessivo se amplia e os elementos necessários à uma melhor confiança dos investidores se deterioram ainda mais”, avalia.
Thais Zara, analista da Rosenberg e Associados, trabalha com a exectativa de aumento de 0,50 ponto percentual nesta quarta e de elevação de mais 0,25 ponto percentual no encontro seguinte do Copom.
“Provavalmente, ao menos uma mudança de ritmo eles [Copom] devem sinalizar o comunicado”, acredita.
Para o diretor de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, a Selic deverá subir tendo em vista os atuais indicadores de inflação, bem como o fato do índice ter ultrapassado o teto da meta da inflação.
Segundo ele, seja qual for o percentual, haverá pouco impacto nas taxas de juros das operações de crédito conforme descrevemos e demonstramos nas notas anexas uma vez que os índices cobrados nas operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas já foram elevados em patamares bem superiores aos da Selic.
fonte:Do G1, em São Paulo