Prisão de Marin pode afetar todo futebol brasileiro

Conheça os próximos passos da investigação que revelou esquema de corrupção na Fifa
Futebol brasileiro ainda tem pontos nebulosos a serem esclarecidos
O maior escândalo de corrupção do futebol não terminou na última quarta-feira (27) com aprisão de José Maria Marin. O envolvimento do ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no caso que relata suborno, lavagem de dinheiro, fraude, obstrução de justiça, entre outros crimes, tem tudo para causar uma verdadeira avalanche no País.

Pontos nebulosos e ainda não detalhados no inquérito aberto pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos  podem respingar em Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF e bastante ligado a Marin. Del Nero não foi indiciado ou teve a prisão preventiva pedida e indica que os contratos sob análise foram assinados ainda na época de Ricardo Teixeira.



Confira a seguir os próximos passos da investigação:




Cerco a Del Nero

O atual presidente da CBF não foi formalmente acusado no processo de suborno, lavagem de dinheiro, fraude, obstrução de justiça, entre outros crime. O cartola pode aparecer como um dos co-conspiradores (que ainda não tiveram os nomes revelados) e não foi indiciado ou teve sua prisão preventiva decretada. Nem por isso está livre de acusações. Em entrevista coletiva, a procuradora-geral de Justiça dos Estados Unidos Loretta Lynch deixou claro que esse é apenas um começo das investigações e os próximos passos são pedir a extradição dos réus para que esses possam responder ao processo.

Defesa do atual presidente
Del Nero evitou se alongar sobre a prisão de Jose Maria Marin. Mais do que isso, o dirigente disse que os contratos sob suspeitas foram assinados ainda na gestão de Ricardo Teixeira – esse último não é citado no processo e também não se manifestou sobre o assunto. Teixeira, que também pode aparecer com um co-conspirador, foi eleito presidente da CBF em 1989 e caiu só em 2012, após uma série de denúncia da TV Record.

Marin será extraditado?
A Justiça dos Estados Unidos já pediu a extradição de José Maria Marin. O ex-presidente da CBF é acusado de receber suborno em pelo menos duas negociações: para as próximas quatro edições da Copa América (uma delas no Brasil) e direitos de marketing esportivo de uma edição da Copa do Brasil.  A tendência é que Marin seja enviado rapidamente para os EUA e por lá espere o seu julgamento. Se condenado, dificilmente escaparia da prisão apesar dos seus 83 anos.

Onde estão os presos?

Ninguém sabe, ninguém viu. José Maria Marin é um dos sete cartolas presos em Zurique, na Suíça. No entanto, as autoridades se negam a informar onde o dirigente está exatamente e quais suas condições físicas e psicológicas. Os dirigentes estavam em umHOTEL DEluxo quando foram abordados pela polícia, na manhã da última quarta-feira (27). Segundo o jornal The New York Times, os envolvidos não resistiram à prisão e tudo aconteceu pacificamente.



Patrocinador da seleção

A relação entre a seleção brasileira e uma fornecedora de material esportivo também é alvo das investigações. O processo não explicita qual fabricante, mas tudo indica ser a Nike, que assinou contrato em 1997. A norte-americana emitiu uma nota dizendo que acredita no “jogo ético e justo nos negócios e no esporte e fortemente se opõe a qualquer forma de manipulação ou suborno.”



Governo apoia investigações

A presidente Dilma Rousseff se apressou em dizer que a investigação “é muito importante” e ressaltou que o governo brasileiro irá colaborar com os órgãos americanos se solicitado ou necessário. A expectativa é que o escândalo leve a uma maior profissionalização do esporte que é uma paixão nacional. O ministro do Esporte GeorgeHILTON afirmou que o governo tem “todo interesse” no esclarecimento dos fatos e na punição aos eventuais responsáveis.


Investigação da Fifa colocou sob suspeita Copa do Mundo no BrasilGetty Images
Copa 2014 sob suspeita
Com as escolhas da Copa da Rússia (2018) e doQATAR (2022) em xeque, o Mundial no Brasil também acabou sob suspeita. A própria presidente Dilma Rousseff disse que deve haver investigação sobre a competição que aconteceu por aqui. “Eu acho que se tiver de investigar, investiga, em todas as Copas, todas as atividades. E isso vale para todos, desde a Operação Lava Jato até essa prisão. Há que investigar. Não vejo por que não.”

Investigação federal na CBF

O ex-jogador e atual senador Romário conseguiu 52 das 27 assinaturas necessárias para instalar uma CPI para investigar os contratos firmados pela CBF — a CPI ainda precisa ser aprovada. Segundo Romário, o objetivo é investigar “desde os contratos de partidas da seleção brasileira, organizados pela CBF, até os firmados para a realização da Copa das Confederações e Copa do Mundo no Brasil.” Eduardo Cunha, presidente da Câmara, acredita que o ideal seria uma comissão com deputados e senadores, se for uma demanda das duas casas.



Dificuldades de investigar órgão privado

A CBF é uma entidade privada e, como mesmo lembrou Dilma Rousseff, os órgãos do Poder Executivo não teriam poder de investigá-la. Segundo a presidente, seria necessária uma alteração na legislação para permitir que organismos do governo apurem suspeitas de corrupção.



Milhões em jogo nas transmissões

A Rede Globo de Televisão é detentora dos direitos de transmissão dos principais campeonatos de futebol no Brasil, além das edições da Copa América até 2019, citadas no inquérito. A emissora carioca  desembolsa mais de R$ 1 bilhão por ano para manter o Campeonato Brasileiro em suas mãos, dividindo de forma desigual as cotas entre os 20 participantes da Série A.



Clubes protestam

Os valores pagos pela televisão são contestados por algumas equipes da Série A. Flamengo e Corinthians são os mais bem pagos atualmente, recebendo cerca de R$ 110 milhões por ano. O São Paulo vem logo atrás, seguido por Vasco e Palmeiras. Eurico Miranda, que voltou à presidência, puxa o movimento pela igualdade nas cotas.



Enriquecimento ilícito

Fundador da empresa Traffic, o empresário José Hawilla é réu confesso no escândalo de corrupção da Fifa. Acusado de participar do esquema de lavagem de dinheiro, extorsão, fraude eletrônica e obstrução de justiça, Hawilla já concordou em devolver  R$ 473 milhões obtidos de forma ilegal. Hawilla também é proprietário da TV TEM, afiliada da rede Globo no interior paulista.

fonte:  R7

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