PGR pede novo inquérito contra Renan

Objetivo é apurar se o senador recebeu dinheiro de propina para travar os trabalhos de uma CPI que investigaria irregularidades na Petrobras

Renan Calheiros chega ao Senado, em 17/12/2015Renan Calheiros chega ao Senado, em 17/12/2015(VEJA.com/Reuters)
O procurador-geral da República Rodrigo Janot encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de mais um inquérito – o sétimo – contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por considerar que existem indícios de que o parlamentar pode ter recebido dinheiro de propina para travar os trabalhos de uma CPI que investigaria irregularidades na Petrobras. Cabe ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato na Corte, confirmar o pedido do MP. Com isso, Renan passaria a responder a mais um processo relacionado ao esquema do petrolão.
Os novos indícios contra Renan foram revelados pelo delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará e apontado pelo Ministério Público como responsável por distribuir propina a políticos envolvidos no petrolão. Segundo Ceará, ele ouviu do doleiro Alberto Youssef que Renan seria o destinatário de 2 milhões de reais para enterrar a CPI. Em um dos trechos da delação, Ceará disse que certa vez perguntou a Youssef para quem se destinava uma remessa de propina enviada a Maceió (AL) e ouviu do doleiro “em alto e bom som”: “O dinheiro era para Renan Calheiros”.
Romaria – Em depoimentos na colaboração premiada, Ceará já havia detalhado uma verdadeiraromaria de parlamentares ao escritório de Youssef, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, e dito que todos os congressistas tinham plena consciência de que recebiam dinheiro de propina. A intenção de embolsar dinheiro sujo reforça a tese da acusação de que parlamentares praticaram os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao receber valores conhecidamente criminosos e os camuflar em atos lícitos, como na declaração de doações de campanha. Além de ter citado Renan Calheiros, entre os destinatários frequentes de propina, Ceará elencou às autoridades o ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP-BA) como “o mais achacador” e o atual deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) como o responsável pela “mesada gorda” a ser repassada ao Partido Progressista (PP).
Os políticos que compareciam aos escritórios de Alberto Youssef iam lá pegar dinheiro. Ninguém ia ao escritório de Alberto Youssef para rezar”, disse o delator em depoimentos de colaboração à Justiça.
REVISTA VEJA

Deixe um comentário