PF diz que Tony Trindade é suspeito de antecipar operação a investigados e colaborar para destruição de provas

Jornalista Tony Trindade foi preso preventivamente nesta terça-feira (18). A assessoria de imprensa do jornalista informou que, ao divulgar informações sobre a operação, ele “apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião”.

A Polícia Federal informou nesta terça-feira (18) que o jornalista Tony Trindade é suspeito de monitorar as investigações que culminaram na Operação Delivery e de divulgar informações sigilosas aos investigados, colaborando para a destruição de provas e manipulação de depoimentos. Um agente público pode ter colaborado com o jornalista e a PF tenta identificá-lo.

A assessoria de imprensa do jornalista informou que ele “apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião”. E que o jornalista teria sido preso pela “relação com suas fontes”. Leia a íntegra da nota ao fim da reportagem.

Segundo o delegado Alan Reis, o jornalista teria compartilhado informações sigilosas, o que contribuiu para que os investigados se antecipassem às ações da Polícia Federal, prejudicando o trabalho policial. Segundo o delegado, provas foram destruídas e celulares foram descartados e os depoimentos de investigados eram muito semelhantes.

“A gente percebeu, durante a colheita dos depoimentos, que eles foram convergentes. Tinham a mesma versão apresentada de forma pontual. Outra situação peculiar foi que os investigados sabiam a data da operação”, disse o delegado.

O acesso às informações sigilosas teria ocorrido por meio eletrônico, e o jornalista precisaria de uma senha de acesso que seria de um agente público. Os policiais investigam ainda quem seria o agente público que teria ajudado o jornalista a ter acesso às informações.

Ainda segundo o delegado Alan Reis, no material arrecadado durante a investigação, os policiais identificaram conversas do jornalista em que ele falaria no que a PF classificou como “atos intimidatórios”, no intuito de minimizar a repercussão das investigações.

“Ainda precisamos investigar que atos seriam esses: se para intimidar a Polícia ou a população”, disse o delegado.

Durante a operação os policiais fizeram buscas também em casas e escritórios de advogados que teriam também tentado acessar processos judiciais de forma ilegal. “Mas o ato praticado por eles foi tão somente isso. Tem sua gravidade? Tem. Mas não tanto como os atos praticados pelo jornalista”, disse o delegado Alan.

Prisão

O jornalista Tony Trindade foi preso na manhã desta terça-feira (18) durante a Operação Acesso Negado, por meio da qual os policiais fizeram tamém buscas em cinco endereços em Teresina Monsenhor Gil.

Os investigados podem responder pelo crime de embaraço a investigação policial de crime praticado por organização criminosa. A pena pode chegar a 8 anos de prisão.

A assessoria de imprensa do jornalista informou que ele “apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião”. E que o jornalista teria sido preso pela “relação com suas fontes”. Leia a íntegra da nota abaixo:

NOTA À IMPRENSA

A assessoria de imprensa do jornalista Tony Trindade considera oportuno esclarecer fatos a respeito da Operação “Acesso Negado”, deflagrada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal, em Teresina, Monsenhor Gil e União e que resultou na prisão preventiva do jornalista.

Conforme nota divulgada pela própria PF, a operação investiga “atos ilegais de intervenção/embaraçamento” à investigação de desvios de recursos públicos destinados à educação na cidade de União, cabe ressaltar que na qualidade de apresentador de programa de televisão e colunista de jornal, Tony Trindade ao veicular fatos da operação, apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião.

O mandado de prisão preventiva a título de frear a divulgação de informação soa descabido e desproporcional, uma vez que o jornalista sequer foi ouvido pela autoridade policial antes da condução.

É temoroso ao exercício profissional, que jornalistas sejam presos por relações com suas fontes, relações essas que são asseguradas pela própria Constituição Federal.

Tony Trindade coloca-se à disposição das autoridades, certo de que atos ilegais não prosperarão com o aval da justiça.

Assessoria de imprensa

Operação Delivery

PF faz buscas na Prefeitura da cidade de União, no Piauí. — Foto: Divulgação/PF-PI

A Operação Delivery foi deflagrada em maio de 2020, com o objetivo de apurar a suspeita de desvio de recursos públicos da educação destinados ao município. Cinco pessoas foram presas, entre empresários, agentes públicos municipais, um vereador da cidade e incluindo o secretário de educação da cidade de União, Marcone Martins, que foi exonerado pela Prefeitura de União.

De acordo com o inquérito policial, a Secretaria de Educação de União teria adquirido livros escolares em quantidade maior que o número de alunos do município, utilizando verbas do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para a contratação de empresas fictícias de Fortaleza, que seriam responsáveis pelo fornecimento fraudulento do material didático.

Ainda segundo a nota, análises da CGU apontaram que os contratos superfaturados utilizados para a obtenção do dinheiro apreendido geraram ao Fundeb prejuízo mínimo de R$ 500 mil.

Por Andrê Nascimento, G1 PI

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