Não se para mais de puxar o fio da corrupção, diz procurador da Lava Jato

Em evento em Nova York, Antonio Carlos Welter
ressaltou que a operação começou pequena e conseguiu demonstrar que
havia uma organização criminosa dentro da Petrobras

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal, durante entrevista coletiva sobre oferecimento de novas denúncias referentes à 14ª fase da Operação Lava Jato, em Curitiba - 24/07/2015O
procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério
Público Federal, durante entrevista coletiva sobre oferecimento de novas
denúncias referentes à 14ª fase da Operação Lava Jato, em Curitiba –
24/07/2015(Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress)



O procurador da força-tarefa da Lava Jato Antonio Carlos Welter
afirmou, em um evento na noite desta terça-feira em Nova York, que a
operação “não para mais de puxar o fio” da corrupção, referindo-se às
descobertas do esquema de corrupção na Petrobras que surgem a cada nova
etapa. Ao todo, a operação iniciada há cerca de dois anos já teve 22
fases.



“O caso da Petrobras começou de uma forma bastante pequena. Havia uma
investigação envolvendo cinco doleiros”, disse procurador, logo no
início do evento, para uma sala lotada na sede da organização Americas Society/Council of the Americas, em Manhattan. “O fio era pequeno e quando veio, não se para mais de puxar esse fio”, completou.



A partir desses cinco doleiros, foi se chegando a diretores da
Petrobras, políticos e empreiteiros. “Conseguiu se demonstrar que havia
uma organização criminosa”, disse o procurador, ressaltando que ela era
composta por quatro grupos: grandes empreiteiras, funcionários da
Petrobras, políticos (parlamentares e membros do governo) e doleiros.


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“Por trás disso tudo estava a Petrobras sendo sangrada, a população
brasileira sendo sangrada e também os investidores que compraram ações
da Petrobras”, afirmou. A Lava Jato completa em abril dois anos e,
segundo o procurador, tem sido importante para o êxito até agora das
investigações a participação de órgãos como o Banco Central, a Receita
Federal, a Polícia Federal, além do apoio da opinião pública. “A Lava
Jato está conseguindo agregar as forças de vários órgãos.”



Questionado por um dos participantes do evento se a Lava Jato estaria
prejudicando o desempenho da Petrobras, Welter disse que seria muito
pior deixar uma empresa “endemicamente envolvida em corrupção”. “Todo
empresário sério tem mais interesse em trabalhar com uma empresa em que o
contrato vai ser 

firmado de forma leal, legítima, sem a cobrança de
nenhuma vantagem indevida”, disse ele. “Vejo nosso trabalho não como
algo ruim para a Petrobras, mas como algo bom. Muito pior seria deixar a
empresa ou alguma outra estatal ou agentes públicos a continuar a
cobrar propina”.



 

REVISTA VEJA

 

 

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