‘Não planejei, não mandei matar’, diz acusada de mandar matar o marido

Eliana é acusada de ter planejado, com o amante, o assassinato do marido. Na entrevista, ela é contraditória ao falar como soube da morte do marido.

O Fantástico traz uma entrevista exclusiva com a professora Eliana Barreto, acusada de ter planejado o assassinato do marido junto com o amante. Câmeras de segurança registraram o crime, em uma das áreas mais nobres de São Paulo, no começo do mês passado.
Eliana, que está presa, nega envolvimento com a morte do marido, bota a culpa no amante e diz que seu erro foi ter se apaixonado pela pessoa errada.  
Há 45 dias, Eliana Barreto trocou a vida tranquila como professora de português e mãe de dois adolescentes por uma cela em uma delegacia. A acusação: ter planejado a morte do marido, o empresário Luiz Eduardo de Almeida Barreto, com quem foi casada por 24 anos.
Fantástico: Hoje você está aqui em uma cela na delegacia acusada de um crime grave. 

Eliana Barreto, professora: Eu não planejei matar ninguém. Eu não mandei matar ninguém. A única coisa que eu queria, era que eu pudesse me separar do meu marido e queria ficar com ele. Queria casar com ele.

“Ele” é o amante de Eliana: Marcos Fábio Zeitunsian, inspetor de segurança, que também está preso acusado de participar do assassinato. O relacionamento de Eliana e Marcos começou há 12 anos, em São Paulo, quando a professora já era casada.
“Eu falei para o Marcos que não queria mais e fui embora. Para dar uma chance para mim, uma chance para as crianças. Uma chance para meu marido. Para o meu casamento”, afirma Eliana.

Reencontrou o antigo amante em rede social

Eliana, o marido e os filhos se mudaram para Aparecida, interior de São Paulo, perto dos familiares. Mas há cerca de dois anos, ela reencontrou o antigo amante em uma rede social.
Fantástico: Você bancava as viagens dele para ele.

Eliana: Sim, senhor. Hoje eu vejo que ele se fazia. Mas, na época, eu acreditava que ele falava que ficava aborrecido, chateado, que ia pegar dinheiro da futura esposa. E eu dava dinheiro de coração.

Eliana: Eu, infeliz, burra, acreditei que ele gostava de mim, que queria de verdade casar comigo.

Fantástico: Você chegou a falar com seu marido que queria se separar?

Eliana: Não.

Fantástico: Mas você pretendia falar.

Eliana: Eu queria falar com meu marido. Eu queria falar.

Mas isso nunca aconteceu. 1º de junho: Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, área nobre de São Paulo. O marido de Eliana trabalhava na região e estava voltando do almoço com um amigo. A câmera de segurança de uma padaria mostra o momento em que um homem atira três vezes contra Luiz Eduardo. Ele morreu na hora.
Momentos depois do crime, a polícia prendeu o assassino, Eliezer Aragão da Silva. Na delegacia, ele disse que foi contratado por Marcos, o amante de Eliana, para simular um assalto e matar o empresário. Dois dias depois, Marcos foi preso e, em depoimento à polícia, apontou Eliana como cúmplice do crime.
Delegado: A ideia foi sua ou foi dela?

Marcos: A ideia foi em conjunto.

Fantástico: Você tem alguma participação efetivamente na morte do seu marido?

Eliana: Não tenho. O meu único erro foi ter conhecido o Marcos e colocado o Marcos dentro da minha vida e destruir a minha vida, a vida da minha família.

Fantástico: Como que o Marcos afirma que você participou diretamente do planejamento da morte do seu marido?

Eliana: Eu não sei, eu não posso dizer uma coisa que eu não sei.

Defesa da professora contesta confissão

Eliana foi presa no mesmo dia que o amante. A polícia diz que ela confessou, em depoimento, a participação no crime. Mas, nesta semana, a defesa da professora contestou na Justiça essa confissão e afirmou que Eliana é inocente.

Fantástico: A polícia diz que você participou diretamente do plano para executar o seu marido, inclusive teria dado R$ 7 mil para o Marcos, para ele contratar um pistoleiro.

Eliana: Eu dei os R$ 7 mil para ele, porque ele falou para mim que os R$ 7 mil eram para contratar um detetive, porque ele queria provar para mim que meu marido tinha amante em São Paulo.

Fantástico: E seu marido tinha amante, você achava?

Eliana: Eu acho que não. Mas o Marcos sempre falava isso para mim.

Fantástico: Você acusa o Marcos de ter tramado a morte do seu marido?

Eliana: Acuso, porque eu nunca falei para ele, vai lá e mata o meu marido. Nunca.

Eliana diz que ela e o amante se falaram por telefone momentos depois do assassinato.
Fantástico: Logo depois que seu marido foi assassinado, o Marcos ligou para você.

Eliana: Ligou.

Valmir: Para falar o quê?

Eliana: Que o apartamento tinha sido vendido.

Para a polícia, a expressão ‘o apartamento foi vendido’ era um código dos amantes para confirmar o assassinato. Mas, segundo Eliana, isso queria dizer outra coisa. Ela diz que Marcos tinha feito uma promessa: vender o apartamento dele na Zona Norte de São Paulo. Com o dinheiro, ela poderia se separar e os dois viveriam juntos.
Fantástico: Essa não seria uma senha entre vocês para dizer que seu marido estava morto?

Eliana: Não.

Eliana é contraditória ao afirmar como soube da morte do marido

Mas, na entrevista, Eliana é contraditória. Ela afirma que soube da morte primeiro pelo amante. Mas, depois, diz que só se deu conta após ser avisada pelos irmãos de que o marido tinha sido assassinado.

Fantástico: O seu marido foi morto por volta de 14 horas. Ele (amante) ligou em seguida para você?

Eliana: Não lembro a hora que ele ligou.

Fantástico: Mas ele ligou dizendo, seu marido está morto.

Eliana: É.

Fantástico: Como é que ele falou para você?

Eliana: Ele falou: o apartamento foi vendido.

Fantástico: Ele falou para você o apartamento foi vendido e seu marido está morto?

Eliana: Não. Não usou a palavra marido em nenhuma hora.

Fantástico: Então como você ligou um fato ao outro?

Eliana: Ele não. Eu não liguei um fato ao outro. Eu perguntei, ‘tem certeza?’ E depois, quando meus irmãos chegaram, que meus irmãos me contaram o que tinha acontecido. Depois que caiu a minha ficha que ele estava falando da morte do meu marido.

Fantástico: E quando você soube que o Marcos era o mandante do crime?

Eliana: Sei lá, fiquei mal. Fiquei triste.

Fantástico: A palavra só triste você não acha que é pouco diante de uma tragédia dessa que você está pagando, por um crime que você está dizendo que não cometeu?

Eliana: Indignação. Raiva. Ódio.

Fantástico: Ódio de quem?

Eliana: Do Marcos. Arrependimento. De ter conhecido e me envolvido com um lixo desses.

O Fantástico procurou o advogado de Marcos, mas ele não quis se manifestar sobre as acusações de Eliana.
Professora diz que não sabia sobre seguro de vida do marido

A Justiça aceitou a denúncia contra a professora, o amante e o pistoleiro. Os três são réus pelo crime de homicídio. Para os investigadores, Eliana e Marcos planejaram o crime para ficar com o seguro de vida do marido dela, no valor de R$ 500 mil. Ela nega.

Fantástico: O seu marido tinha um seguro de vida, você sabia?

Eliana: Isso é mentira. Eu não sabia isso, que meu marido tinha seguro no meu nome. Eu nunca soube nada de coisa de dinheiro do meu marido.

Enquanto espera o julgamento, Eliana vai continuar presa longe das salas de aula. Também vai continuar longe dos filhos: um jovem de 17 anos e uma menina de 14.
Fantástico: Depois que você foi presa, depois que você veio para cá.

Eliana: Nunca mais vi meus filhos. Não, nunca mais vi. A minha filha manda cartinha para mim e meu filho ainda está triste comigo. Ele está triste por eu ter traído o pai dele. Porque eu tenho certeza e ele sabe que eu não mandei matar o pai dele e que eu não gostava do pai dele como homem, como marido e mulher. Mas eu nunca matei, nunca fiz nada. Nunca desejei mal para o meu marido. Nunca.

Fantástico: E como é que vai ser sua vida daqui para frente?

Eliana: Não sei. Eu não sei. Perdi a pessoa que eu achei que gostasse de mim, que eu amava. Perdi o meu marido. Perdi tudo.



fonte: Fantástico 

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