Morre aos 90 anos Fidel Castro, ex-presidente de Cuba
Líder cubano morreu na noite de sexta-feira (25), em Havana.
Raúl Castro fez anúncio oficial na TV estatal cubana.
O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, morreu às 22h29 da noite desta
sexta-feira (25), aos 90 anos, na capital Havana. A informação foi
divulgada pelo seu irmão Raúl Castro em pronunciamento na TV estatal
cubana.
“Com profunda dor é que compareço para informar ao nosso povo, aos
amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro do 2016, às
22h29, faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz”,
disse Raúl Castro.
Raúl disse disse que o corpo de Fidel Castro será cremado. Informações sobre o funeral serão divulgadas em breve.
Últimas imagens
As últimas imagens de Fidel Castro são do dia 15, quando recebeu em sua
residência o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang. Antes, ele foi visto
em um ato público foi no dia 13 de agosto, por ocasião da comemoração
de seu 90º aniversário, em um evento no Teatro Karl Marx, em Havana.
Naquela ocasião, Fidel apresentou um semblante frágil, vestido com um
moletom branco e acompanhado pelo seu irmão Raúl e o presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro.
Desde seu aniversário, recebeu também em sua residência outros líderes,
como o presidente do Irã, Hassan Rohani; de Portugal, Marcelo Rebelo de
Sousa; e os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe; da China, Li
Keqiang, e Argélia, Abdelmalek Sellal.
Em abril, durante o XVII Congresso do Partido Comunista de Cuba, Fidel
Castro também reapareceu e fez um discurso que soou como uma despedida,
onde reafirmou a força das ideias dos comunistas.
“A hora de todo mundo vai chegar, mas ficarão as ideias dos comunistas
cubanos, como prova que neste planeta se trabalha com fervor e
dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os
seres humanos necessitam, e devemos lutar sem descanso para isso”,
afirmou Fidel Castro na ocasião.
Últimas imagens
As últimas imagens de Fidel Castro são do dia 15, quando recebeu em sua
residência o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang. Antes, ele foi visto
em um ato público foi no dia 13 de agosto, por ocasião da comemoração
de seu 90º aniversário, em um evento no Teatro Karl Marx, em Havana.
Naquela ocasião, Fidel apresentou um semblante frágil, vestido com um
moletom branco e acompanhado pelo seu irmão Raúl e o presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro.
Desde seu aniversário, recebeu também em sua residência outros líderes,
como o presidente do Irã, Hassan Rohani; de Portugal, Marcelo Rebelo de
Sousa; e os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe; da China, Li
Keqiang, e Argélia, Abdelmalek Sellal.
Em abril, durante o XVII Congresso do Partido Comunista de Cuba, Fidel
Castro também reapareceu e fez um discurso que soou como uma despedida,
onde reafirmou a força das ideias dos comunistas.
“A hora de todo mundo vai chegar, mas ficarão as ideias dos comunistas
cubanos, como prova que neste planeta se trabalha com fervor e
dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os
seres humanos necessitam, e devemos lutar sem descanso para isso”,
afirmou Fidel Castro na ocasião.
Em agosto, a festa de aniversário de 90 anos de Fidel Castro reuniu
mais de 100 mil pessoas na capital cubana. Aposentado há 10 anos, Fidel
Castro era praticamente inacessível. Só recebia visitas esporádicas de
personalidades em sua casa em Havana.
Ainda mais escassas são suas aparições públicas ou fotos tiradas
recentemente. Uma presença discreta que contrastava com as cinco décadas
em que esteve à frente da ilha, exercendo o comando antes de ficar
doente e ceder o poder a seu irmão Raúl.
Fidel tinha 32 anos quando entrou em Havana. Sem passado militar, ele
expulsou do poder o general e ditador Fulgêncio Batista, na luta que
começou com o fracasso da tomada do quartel Moncada, em 1953.
Desde que ficou gravemente doente, em julho de 2006, e cedeu o poder ao
seu irmão Raúl Castro, o líder cubano se dedicou a escrever artigos,
assim como livros sobre sua luta na Sierra Maestra e a receber
personalidades internacionais em sua residência, no oeste de Havana.
Doença e saída do poder
Na noite de 31 de julho de 2006, Fidel Castro surpreendeu Cuba e o
mundo com o anúncio de que cedia o poder ao irmão Raúl, em caráter
provisório, depois de sofrer hemorragias. Foi a primeira vez que saiu do
poder.
Sem revelar qual doença o afetava, Fidel admitiu que esteve à beira da
morte. Perdeu quase 20 quilos nos primeiros 34 dias de crise, passou por
várias cirurgias e dependeu por muitos meses de cateteres.
Em dezembro de 2007, o comandante cubano já havia expressado em uma
mensagem escrita que não estava aferrado ao poder, nem obstruiria a
passagem das novas gerações, mas em janeiro foi eleito deputado e ficou
tecnicamente habilitado para uma reeleição – o que não ocorreu.
Desde março de 2007, já afastado do cenário público, sendo visto apenas
em vídeos e fotos, Fidel Castro se dedicava a escrever artigos para a
imprensa sob o título de “Reflexões do Comandante-em-Chefe”.
Fidel deixou o poder definitivamente em fevereiro de 2008. Em um texto
publicado no jornal estatal “Granma”, ele anunciou sua renúncia.
Vida
Fidel nasceu em 13 de agosto de 1926, na província de Holguín, sul de
Cuba, e foi batizado durante a infância de Fidel Hipólito. Sua mãe
trabalhava para a mulher de seu pai, o bem sucedido latifundiário
espanhol Ángel Castro.
Apenas quando Fidel era adolescente seu pai se separou da primeira
mulher e assumiu a família com a mãe de Fidel, Lina Ruz Gonzalez, com
quem teve outros cinco filhos. Nesta época, Fidel foi assumido
oficialmente pelo pai e recebeu o nome de Fidel Alejandro Castro Ruz.
Apesar de não ter sido registrado pelo pai na infância, Fidel cresceu
estudando em escolas particulares e em meio a um ambiente de riqueza
bastante diferente da pobreza do povo cubano.
Bastante inteligente, o jovem era mais interessado nos esportes do que
nos estudos. Mesmo assim, o líder cubano iniciou seus estudos na
Universidade de Havana em 1945, onde conheceu o nacionalismo político
cubano, o anti-imperalismo e o socialismo, e se formou em direito em
1950.
Em 1948, Fidel viajou para a República Dominicana em uma expedição para
tentar derrubar o ditador Rafael Trujillo, que foi fracassada.
Ao voltar para a faculdade, ele se juntou ao Partido Ortodoxo, fundado para acabar com a corrupção no país.
No mesmo ano, Fidel se casou com Mirta Diaz Balart, de uma rica família
cubana. Eles tiveram apenas um filho, Fidelito. O casamento com Mirta
acabou em 1955.Durante a união, ele teve um relacionamento com Naty
Revuelta, com quem teve uma filha, Alina Fernández-Revuelta. Em 1993,
ela fugiu da ilha se fazendo passar por uma turista espanhola. Alina
pediu asilo nos Estados Unidos e passou a fazer fortes críticas a seu
pai.
Com sua segunda mulher, Dalia Soto del Valle, Fidel teve outros cinco
filhos homens cujos nomes começam com a letra “A”: Alexis, Alexander,
Alejandro, Antonio e Ángel.
Além da filha Alina, uma das irmãs de Fidel, Juanita Castro, também se mudou para os EUA, no início da década de 1960.
Revolução
Durante o casamento, Fidel teve contato com as famílias ricas de Cuba, e
se candidatou a um posto no parlamento. Entretanto, o golpe do general
Fulgêncio Batista derrubou o governo da época e cancelou as eleições.
Junto com outros membros do Partido Ortodoxo, Fidel organizou uma
insurreição. Em 26 de julho de 1953, cerca de 150 pessoas atacaram o
quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em uma tentativa de derrubar
Batista. O ataque falhou e Fidel foi capturado. Após julgamento, ele foi
condenado a 15 anos de prisão. Entretanto, o incidente o tornou famoso
no país.
Em 1955, Fidel foi anistiado, e fundou o movimento 26 de Julho, de
oposição ao governo. Nessa época, ele se encontrou pela primeira vez com
o revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara e se exilou no México.
Em 1957, junto com Guevara e mais 79 expedicionários, chegou a Cuba a
bordo de um navio e tentou derrubar o presidente, mas foi surpreendido
pelo Exército e derrotado. Fidel, seu irmão Raúl e Che conseguiram
escapar e se refugiaram na Sierra Maestra, onde travaram combates com o
governo.
Em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustaram
Batista, que fugiu de Cuba e foi para a República Dominicana. Aos 32
anos, Fidel conseguiu o controle do país.
Um novo governo foi criado, e Fidel assumiu como primeiro-ministro em
1959, após a renúncia de Jose Miro Cardona. Nesta época, foram iniciadas
as relações com a então União Soviética.
O líder passou então a sua reforma para o comunismo. Em 1960, Fidel
nacionalizou a indústria açucareira de Cuba, sem pagar indenizações.
Três anos depois ele estatizaria as fazendas, ampliando a reforma
agrária.
Em 1961, o governo proclamou seu status socialista. Houve uma fuga em
massa dos ricos do país para Miami, nos Estados Unidos, que rompem as
relações diplomáticas com Cuba.
Crise com os EUA
Em abril, Castro formalizou Cuba como um estado socialista. No dia
seguinte, cerca de 1,3 mil exilados cubanos apoiados pela CIA atacaram a
ilha pela Baía dos Porcos, em uma tentativa de derrubar o governo.
O ataque foi um fracasso – centenas de pessoas foram mortas e quase mil
capturadas. Os EUA negaram seu envolvimento, mas revelaram que os
exilados foram treinados pela CIA. Décadas depois, o país confirmou que a
ação vinha sendo planejada desde 1959.
O incidente fez Castro consolidar seu poder. Em maio do mesmo ano, ele
anunciou o fim das eleições democráticas no país e denunciou o
imperialismo americano. Che Guevara assumiu o Ministério da Indústria.
Em 1962, os EUA ordenaram o bloqueio econômico total à ilha, isolando o regime, uma política que se seguiu até a atualidade.
Fidel passou a intensificar sua relação com a União Soviética,
aceitando financiamento e ajudas militares. Em outubro de 1962, o país
concebeu a ideia de implantar misseis nucleares em Cuba, gerando uma
crise com os EUA e quase uma guerra nuclear.
Dias depois, o premiê soviético concordou em remover os mísseis com o
comprometimento americano de não invadir Cuba. Castro foi deixado de
lado nas negociações.
Governo
Em 1965, Che deixa o país para expandir a revolução. Dois anos depois,
ele foi assassinado na Bolívia, deixando Fidel como único rosto da
revolução.
Ainda em 1965, Fidel se posicionou como líder do Partido Comunista
cubano. Pouco a pouco, ele começou uma campanha para apoiar a luta
armada contra o imperialismo na América Latina e na África.
Apesar do comprometimento dos EUA de não invadir a ilha, houve ataques
de outras formas, como o bloqueio econômico e centenas de tentativas de
assassinato contra Fidel ao longo dos anos. Fidel chegou a dizer que se
escapar de tentativas de assassinato fosse um esporte olímpico, ele
teria ganhado medalhas de ouro.
Durante seu governo, Fidel investiu na educação – foram criadas cerca
de 10 mil novas escolas, e a alfabetização atingiu 98% da população. Os
cubanos têm um sistema de saúde universal, que reduziu a mortalidade
infantil para 11 a cada mil nascidos vivos.
Entretanto, as liberdades civis foram confiscadas. Sindicatos perderam o
direito de realizar greves, jornais independentes foram fechados e
instituições religiosas perseguidas.
Castro removeu seus opositores com execuções e prisões, além do exílio forçado.
Centenas de milhares de cubanos fugiram do país ao longo das décadas,
muitos seguindo para a Flórida, bastante próxima da costa da ilha. A
maior saída ocorreu em 1980, quando o governo anunciou a autorização de
saída, e 125 mil pessoas deixaram Cuba – 15 mil delas se jogaram ao mar
amarradas e canoas, pneus e botes.
Em 1986, instituições de defesa dos direitos humanos realizaram em
Paris o “Tribunal de Cuba”, onde ex-prisioneiros da ditadura deram seu
testemunho. Entidades calculam que cerca de 12 mil pessoas morreram nas
mãos do governo.
Em 1989, com a queda do muro de Berlin, a União Soviética retira seus 7
mil militares da ilha e acaba com a ajuda comercial à Cuba.
Em 1996, Cuba bombardeia dois aviões civis pilotados por exilados
cubanos em Miami, retomando as tensões com os EUA. No ano seguinte,
Fidel apontou seu irmão, Raúl, como seu sucessor.
Em 2002, os EUA criam uma prisão para suspeitos de terrorismo em uma
base militar Guantánamo, no território cubano. O então presidente George
W. Bush inclui o país na lista dos que apoiam o terrorismo.
Segredos
Desde que caiu doente e entregou o poder provisoriamente a Raúl, Fidel
deixou claro que sua doença era um assunto delicado e não um assunto de
domínio público.
“Devido aos planos do império (EUA), meu estado de saúde se converte em
um segredo de Estado a respeito do qual não se pode ficar
constantemente divulgando informações”, afirmou.
Os segredos em torno do ex-dirigente são guardados com tanto afinco que
não se conhecia nem mesmo o local onde Fidel se recuperava.
Conta-se que, durante anos, Fidel jamais dormiu duas noites no mesmo lugar.
Ele circulava por Cuba em uma caravana com três carros Mercedes Benz
pretos idênticos, e a presença dele nas cúpulas realizadas no exterior
nunca está 100% confirmada antes de sua chegada.
Até a ideologia comunista dele foi objeto de mistério nos primeiros anos da revolução.
Diferentemente de outros líderes mundiais, a vida privada de Fidel não comparece aos jornais.
O único dos filhos dele que ocupou um cargo público é Fidel Castro
Diaz-Balart, o “Fidelito”, um engenheiro nuclear que trabalhou como
assessor científico do Conselho de Estado.
Fidel nunca abandonou suas ideias sobre estratégia militar. Em 1953,
quando organizou o ataque contra o quartel Moncada, em Santiago de Cuba,
sua primeira e desastrosa ação militar, quase todos os seus
companheiros só ficaram sabendo do objetivo da investida no último
minuto.