Mobilização nacional pede a expulsão de aluno que agrediu árbitra

O vídeo ganhou uma grande repercussão onde artistas e anônimos se revoltaram com a situação.

Por Sávia Barreto

Socar uma mulher é tentar esmagar sua autonomia, sua voz e sua confiança. A árbitra Eliete Fontenele sofreu violência porque não se curvou. Ela caiu, mas não quebrou. Eliete é pequena e anda com agilidade em meio a homens exaltados. Como árbitra, seu papel é ser firme e justa. No meio de uma briga na noite desta segunda-feira, 03, em uma quadra de esportes no campus da Universidade Federal do Piauí em Parnaíba, distante 346 Km de Teresina, Eliete levanta o cartão vermelho e apita. Em seguida, o soco: duas vezes seguidas, forte, sangue, escuro, chão. Ela cai. 

Os celulares, que filmavam tudo nas mãos dos donos eufóricos com o embate masculino que se desenrolava segundos antes, agora tremem e filmam o chão. O acusado é aluno e atual presidente do Centro Acadêmico de Engenharia de Pesca. Ele foge, confirmando o que se espera de uma atitude que só pode ser classificada como covarde.

Veja o vídeo abaixo:

Parece inacreditável – seja pela visibilidade da ousadia do agressor, seja porque acompanhamos em público o que acontece repetidas vezes no privado: homens contrariados usam da força física para intimidar, ameaçar e machucar mulheres. Não sabendo lidar com a força moral de Eliete, ele foi lá e tentou derrubá-la. Mal sabe ele que ela só caiu fisicamente, metaforicamente está de pé e é uma gigante, porque covardes podem agredir, mas não conseguem minar a garra que brota de uma mulher. Quantos socos, reais ou metafóricos, se colocam entre nós e nossos objetivos? Ínumeras pedras a serem desviadas não serão impedimento para as realizações que nos propomos. 

SOCO É TENTATIVA DE ESMARGAR A CONFIANÇA DA MULHER

Como diz Rebeca Solnit, autora do livro “A mãe de todas as perguntas”: “O fato de muitos homens acreditarem que têm o direito e a necessidade de controlar as mulheres, pela violência ou por qualquer outro meio, revela muito sobre os sistemas de crença que adotam e sobre a cultura que vivemos”. Violência é uma questão de poder, ou seja, é fruto do desejo de controle das ações do outro. Quando não há equilíbrio emocional para lidar com frustrações, aceitar a autonomia alheia e receber um “não” de cabeça erguida, apela-se para o chute, o soco, o grito e o tiro.

Fonte: https://www.meionorte.com/

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