Mercado de trabalho ainda fraco nos EUA faz dólar comercial cair abaixo de R$ 3
Já a Bolsa sobe 0,29%, apesar da forte queda nas ações da Petrobras e Vale
se desvalorizar nesta sexta-feira. Às 16h21, a moeda americana registrava queda de 1,42% ante o real, cotado a R$ R$ 2,981 na compra e a R$ 2,983 na venda. A divisa não era negociada abaixo dos R$ 3 desde o dia 30 de abril. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, tem leve variação positiva de 0,29%, aos 57.084 pontos.
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Essa alta é reflexo da divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O Departamento de Trabalho informou que o número de vagas criadas em abril foi de 223 mil, abaixo dos 230 mil esperados por analistas de mercado. A taxa de desemprego passou de 5,5% em março para 5,4% no mês passado. Já o número de vagas criadas em março foi revisado de 126 mil para 85 mil.
— A criação de emprego veio até em linha com o esperado, mas houve um baixo crescimento do salário e uma revisão forte dos dados de março. Tudo isso aumenta a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o bc americano) postergue o início da alta de juros nos Estados Unidos — afirmou Felipe Silva, analista da Saga Capital.
Economistas viam como baixa a probabilidade de uma alta em junho. Agora, essa possibilidade foi completamente descartada e a expectativa é que o aumento tenha início entre setembro e dezembro. O “dollar index”, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de dez moedas, registra leve variação negativa de 0,03%.
— Saíram esses dados nos Estados Unidos e, embora seja negativo para a economia americana, tem um efeito positivo para outras economias. Esse dado deixa menos provável uma alta mais imediata dos juros — afirmou Lauro Vilares, analista técnico da Guide Investimentos.
O afastamento de risco dessa alta de juros, que tende a tirar recursos dos países emergentes, faz com que os ativos brasileiros fiquem mais atraentes, ainda mais com o atual patamar de juros no Brasil, de 13,25% ao ano. Em busca de rendimentos mais elevados, investidores devem continuar direcionando investimentos para o mercado financeiro brasileiro.
BOLSA OPERA EM QUEDA
Apesar da expectativa de continuidade de entrada de recursos no país, os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) passam por um pregão de ajuste. Segundo Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, as ações que caíram muito nos ultimos pregões mostram uma recuperação e aquelas que sustentaram as altas das últimas semanas, caem forte.
— É um pregão de ajuste, enquanto o mercado espera a aprovação da segunda parte das medidas fiscais no Congresso Nacional. E a volatilidade está maior, o que também reduz o giro dos negócios — disse.
As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal registram queda de 1,89%, cotadas a R$ 13,55, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) recuam 1,09%, a R$ 14,52. No caso da Vale, as ações registram quedas de 3,22% (PNs) e 4,52% (ONs). Entre as principais altas estão Braskem e JBS, que avançam respectivamente, 9,85% e 5,11%.
Vilares, da Guide, lembra que esses dois papéis estão com alta volatilidade nas últimas semanas e que estão passando por um processo de correção.
— As ações da Petrobras e da Vale são o destaque de volatilidade das últimas semanas. Como as ações subiram com muita força, agora ocorre uma correção, o que é natural — disse.
O Ibovespa está descolado dos principais índices do mercado acionário global, que operam com ganhos nesta sexta-feira. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones tem alta de 1,50% e o S&P 500 sobe 1,27%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em alta de 2,55% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, avançou 2,39%. O FTSE 100, de Londres, subiu 2,09%, impulsionado pelo resultado das eleições no Reino Unido, com a reeleição de David Cameron como primeiro-ministro.
fonte: ANA PAULA RIBEIRO