Médicos se queixam da falta de equipamentos de proteção na linha de frente

Médicos fazem treinamento no hospital de campanha para tratamento de covid-19 do Complexo Esportivo do Ibirapuera.

O Conselho Federal de Medicina (CFM)divulgou na sexta-feira (15) um levantamento que reúne aproximadamente 17 mil denúncias de médicos que atuam na linha de frente contra o coronavírus.

Médicos fazem treinamento no hospital de campanha para tratamento de covid-19 do Complexo Esportivo do Ibirapuera.

A maior parte das reclamações está ligada à infraestrutura de trabalho oferecida tanto no setor privado quanto no público. A falta de equipamentos de proteção, a ausência de insumos e a carência de mão de obra estão no topo das reclamações.

A principal queixa dos profissionais (38,2% das denúncias) refere-se à falta dos equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras N95 ou equivalentes, considerados indispensáveis ao enfrentamento de epidemias. Também foi notificada falha na oferta de aventais, óculos ou protetor facial, máscara cirúrgica, gorro e luvas.

A segunda questão mais apontada, reunindo 18,9% das denúncias, é a falta de insumos, exames e medicamentos. Segundo o levantamento, os principais itens em falta são os kits de exame para covid-19 e medicamentos.

Em terceiro lugar, correspondendo a 13,7% das denúncias, é apontada a falta de mão de obra, com carências nas equipes de enfermagem e também de médicos.

Falta de itens básicos de higienização

Os profissionais também relataram falta de material para correta higienização, tais como álcool em gel ou álcool 70%, além de outros itens básicos como papel toalha, sabonete líquido e desinfetante ou outro insumo recomendado.

Também foram apontadas falhas no processo de triagem, com destaque para a falta de orientação aos pacientes e acompanhantes e de informação aos profissionais. Dificuldades em ter acesso a leitos também foram reportadas. Os denunciantes relataram problemas em encontrar leito de UTI adulto e de internação hospitalar.

Telemedicina

Segundo o presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, os conselhos regionais de medicina tentarão solucionar os problemas junto aos gestores locais e poderão realizar fiscalizações. Ele ressaltou que a classe médica buscou adaptação ao contexto excepcional da pandemia, lançando mão do uso da telemedicina.

“Para enfrentar a pandemia, nos adaptamos ao contexto de excepcionalidade da pandemia – com a autorização do uso da telemedicina e mudança nos critérios para funcionamento de UTIs –, mas nunca abrimos mão de uma coisa: os gestores, em todos as esferas, devem estar comprometidos com a proteção e a segurança dos médicos e demais profissionais da saúde, que precisam contar com EPIs e a infraestrutura adequada para salvar vidas”, destacou o presidente do conselho.

Perfil dos denunciantes

Mais de 1.500 médicos apresentaram seus relatos na plataforma de denúncia. Desses,muitos são profissionais experientes, com tempo médio de 11 anos de graduação, sendo que mais de 60% possuem título de especialista.

Na distribuição por idade, 69% dos denunciantes têm até 39 anos, 29% entre 40 e 69 anos e o restante mais de 70 anos. Outra constatação é que 56% dos médicos que apresentaram queixa eram do sexo feminino e 44%, do masculino.

Quase 85% das unidades em que os denunciantes atuavam prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS), 10% eram privados, 3,4% eram filantrópicos e 1,7% não foi identificada a natureza do serviço.

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