Mantega e Coutinho usaram BNDES para pedir doações a campanha de Dilma, diz Odebrecht

Segundo jornal, Marcelo Odebrecht relatou à Lava Jato que o ex-ministro da Fazenda e o presidente do banco de fomento pressionavam as empreiteiras por empréstimos do banco de fomento concedidos em projetos no exterior

NOVA DIREÇÃO? - Mantega deixará a Fazenda, mas, se Dilma vencer as eleições, a ministra de verdade será ela própriaNOVA DIREÇÃO? – Mantega deixará a Fazenda, mas, se Dilma vencer as eleições, a ministra de verdade será ela própria(Ueslei Marcelino/Reuters)
Em negociação para fechar um acordo de delação premiada, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odrebrecht afirmou a procuradores da Lava Jato que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, cobravam à empreiteira doações para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 por projetos financiados no exterior. A informação foi noticiada pelo jornal Folha de S. Paulo na edição deste domingo.
As declarações de Odebrecht foram dadas numa fase preliminar da colaboração premiada, que ainda não foi firmada com a Procuradoria-Geral da República. Preso há quase um ano, Odebrecht tenta o acordo para aliviar as suas penas. Ele já foi condenado a 19 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato.
Segundo a reportagem, Coutinho e Mantega pressionavam os empresários a se reunir com Edinho Silva, então tesoureiro da campanha de Dilma e hoje ministro da Comunicação Social, para que eles “continuassem a ser ajudados” pelo governo.
De acordo com as delações de executivos da Andrade Gutierrez, o PT cobrava 1% de propina de empréstimos concedidos pelo BNDES para projetos tocados no exterior. Os empresários da empreiteira, no entanto, haviam isentado o banco de fomento do esquema de corrupção.
O herdeiro da maior empreiteira do Brasil teria ainda confirmado que a presidente Dilma Rousseff deflagrou uma ofensiva para assegurar a libertação de empresários presos na Lava Jato. A arremetida envolveria nomear o ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme havia sido relatado pelo senador Delcídio do Amaram (sem partido-MS) em sua delação.
A mulher do marqueteiro do PT João Santana, Mônica Moura, também já havia relatado aos procuradores da Lava Jato que Guido Mantega intermediava o pagamento de caixa 2 para a campanha de Dilma em 2014, segundo informações do jornal O Globo.
Procurados pela reportagem, Guido Mantega e Luciano Coutinho disseram que “nunca” trataram de doações para campanhas eleitorais. Em nota, o presidente do BNDES afirmou que “este tema jamais foi abordado durante qualquer contato com os executivos da Odebrecht ou de qualquer outra empresa” e que “os financiamentos para a exportação de bens e serviços de engenharia brasileiros em obras de infraestrutura obedecem a uma governança baseadas em órgãos colegiados”.
Por meio do seu advogado, José Roberto Batochio, Mantega disse que “jamais tratou de assunto de campanha de quem quer que seja” e que “rechaça essa insinuação”. “Como ministro da Fazenda, Mantega se ocupava de outras políticas públicas e, como membro do PT, jamais teve a incumbência de tratar de doações de campanha”, disse o advogado.
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