Lidiane Leite: um exemplo de ‘inocente’ nas mãos de máfias que tomam conta de prefeituras?

Impossível
acreditar, ainda, que Lidiane não tinha conhecimento de desvios de
dinheiro da merenda escolar, saúde, educação, obras, etc.
Por
não haver tomado nenhuma decisão, ter sido apenas “obrigada” a assinar
documentos, Lidiane Leite se considera injustiçada por tudo o que
aconteceu. No seu entendimento não fez nada de errado. Pelo seu
envolvimento neste esquema, diz que hoje vive assustada, tem medo dos
políticos.
Lidiane dormia com Beto Rocha, mas não sabia dos esquemas de desvios
de dinheiros dos cofres da Prefeitura de Bom Jardim
Gilberto Lima

Depois de ficar conhecida como ‘prefeita ostentação’,
por conta da demonstração de riqueza e luxo em redes sócias, a ex-prefeita de
Bom Jardim, Lidiane Leite, quer, agora, dar uma de vítima, de que não sabia de
nada do ocorria em sua gestão. A culpa seria de outras pessoas, de um grupo
político, que teriam o controle das finanças do município. É o que diz em
entrevista concedida à revista Maranhão Hoje.
Seria Lidiane ‘inocente’, vítima de uma máfia
montada no município? Impossível acreditar que quem aceita entrar no jogo de
qualquer grupo criminoso não tenha conhecimento de suas atividades e de seus ‘modus
operandis’.
 

Lidiane nos tempos de ostentação

Desde que foi ungida à condição de candidata, depois
que o namorado, o ficha suja Beto Rocha, foi impedido de disputar a eleição,
Lidiane sabia que todos os poderes sobre as finanças do município ficariam com
ele. Ela seria apenas ‘bucha de canhão’, com sua beleza e charme, para ganhar a
disputa. Tipo bonitinha, mas ordinária porque aceitou a patifaria do namorado.
Filiada ao Partido Progressista (PP), Lidiane não
tinha militância partidária, e sua candidatura foi definida, em 2012, menos de
48 horas antes do início da votação, não havendo tempo nem mesmo de colocar sua
foto na urna eletrônica. Os eleitores de Bom Jardim, portanto, nem sabiam que a
estavam elegendo, pois não havia feito comício, não havia cartazes ou santinhos
com sua imagem e a foto que aparecia para os eleitores era a de Beto Rocha, enquadrado
na Lei da Ficha Limpa.
Impossível acreditar, ainda, que Lidiane não tinha
conhecimento de desvios de dinheiro da merenda escolar, saúde, educação, obras,
etc. Será que uma parcela desse dinheiro não era usado para bancar as
ostentações da ex-prefeita? Por que que, em seus depoimentos, não nominou
aqueles que se beneficiaram com os milhões roubados dos cofres da prefeitura?
Na entrevista, ao ser indagada sobre as principais
obras de sua administração, disse que simplesmente não saberia informar porque
não participou de nada.
Desde o primeiro ano de governo, Lidiane vinha sendo
acusada de prática de crimes de improbidade administrativa. Por três vezes
conseguiu anular, na Justiça do Maranhão, seu afastamento da prefeitura. Em
abril de 2014 foi afastada por 30 dias, por improbidade administrativa, e
retornou em 72 horas; em dezembro do mesmo ano, o prazo aumentou para 180 dias,
mas teve liminar suspensa pelo Tribunal de Justiça em 48 horas; e em maio de
2015 foi cassada e retornou ao cargo em 72 horas.
Por não haver tomado nenhuma decisão, ter sido
apenas “obrigada” a assinar documentos, Lidiane Leite se considera injustiçada
por tudo o que aconteceu. No seu entendimento não fez nada de errado. Pelo seu
envolvimento neste esquema, diz que hoje vive assustada, tem medo dos
políticos, principalmente de alguns com quem conviveu nesse período. E para
entender como tudo ocorreu na sua vida, tomou a decisão de se tornar advogada,
estendo, neste momento, se preparando para prestar vestibular. “Quero entender
o porquê de tanta injustiça”, diz ela.
Lidiane Leite chegando à sede da Polícia
Federal em São Luís
Sobre
seu retorno à vida pública, Lidiane diz que
prefere não pensar nisto no momento, e fez mistério se vai recorrer à
Justiça
para recuperar o mandato, já que a cassação se deu ao arrepio da lei.
Indagada como era sua vida antes da política, diz que era de paz, feliz
ao lado do
ex-marido, nunca precisando trabalhar desde que o conheceu. Quanto ao
pós prefeitura,
diz que está melhor de quando era prefeita, pois vive em paz.
O mais lamentável de tudo isso, é ouvir a
ex-prefeita, acusada de tantos saques aos cofres do município – afinal, a
responsabilidade por quaisquer crimes de improbidade é do gestor – dizer que
vive em paz. Uma espécie de deboche com o cidadão de Bom Jardim, principalmente
os mais pobres que foram prejudicados com os desvios de dinheiro público.
Além de deboche, a atitude de Lidiane, de se colocar
como vítima de um grupo político, é a certeza da impunidade, de que nada mais
vai lhe acontecer e que não corre nenhum risco de cumprir pena na penitenciária
de Pedrinhas.
Convém perguntar: por onde anda o tal ficha suja
Beto Rocha, acusado de ser o mentor intelectual de todos os desvios de recursos
de Bom Jardim? Também estaria vivendo em paz, gastando a dinheirama desviada?

A
exemplo de Lidiane Leite, existem muitos prefeitos que não têm controle
sobre o dinheiro público, pois viraram reféns de máfias da agiotagem.
Muitos dos casos já estão sendo devassados pela Secretaria de Estado de
Transparência e Controle e pela Secretaria de Segurança. Se depender do
governador Flávio Dino, todos os envolvidos irão para a cadeia. No
entanto, toda e qualquer punição dependerá do Judiciário. E tem casos
que são engavetados ad eternum ou caem no esquecimento. Só Deus sabe quando haverá punição para os ladrões do erário no Maranhão.
Em
suma, com toda a vida de paz de Lidiane e de outros que permanecem
impunes, podemos continuar afirmando que o crime de colarinho branco
compensa! 

Com informações da revista Maranhão Hoje

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