Dólar sobe e se aproxima de R$ 3,30, de olho em ajuste fiscal

Na véspera, moeda teve a maior alta em quase dois meses.
Na semana e no mês, dólar acumula alta de 1% e 3,76%, respectivamente.

O dólar avança cerca de 2% e encosta em R$ 3,30 nesta quinta-feira (23), maior patamar em quatro meses na variação do dia, após o corte nas metas fiscais do governo alimentar temores de que o Brasil pode vir a perder seu valioso grau de investimento.
Por volta das 16h12, a moeda norte-americana avançava 2,05%, a R$ 3,2917 na venda, após marcar na véspera a maior alta em quase dois meses. Veja cotação.
Na máxima da sessão, a divisa subiu quase 2,30% e atingiu R$ 3,2992. É a maior cotação desde 19 de março, quando o dólar fechou em R$ 3,2965.
Antes disso, a maior cotação do dólar foi registrada em abril de 2003. E também foi o maior valor intradia desde 20 de março, quando a moeda foi a R$ 3,3162.

Medo do rebaixamento
classificação de risco escala agências (Foto: Editoria de Arte/G1)
O mercado teme que o país, depois do esperado rebaixamento pelas agências de avaliação de risco Moody’s e Fitch, receba perspectiva negativa de alguma delas. Com isso, ficaria na iminência de perder seu cobiçado grau de investimento.
“O que deve acontecer já no curto prazo é um rebaixamento pela Moody’s, com perspectiva negativa, mas sem a perda do grau de investimento”, escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik, em nota a clientes, segundo a Reuters.
A Moody’s deve manifestar-se sobre a nota brasileira em breve após visita ao país na semana passada.
A agência de classificação de risco Austin Rating anunciou nesta quinta-feira (23) que rebaixou a nota de crédito de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira de “BBB-” para “BB+”. Com isso, o país perdeu o grau de investimento – espécie de selo de bom pagador e “porto seguro” para investidores – pelos parâmetros desta escala.
Fitch Ratings informou nesta quinta que irá reavaliar as tendências fiscais do Brasil, ponto importante para sua decisão sobre se rebaixará o rating de crédito do país, após o governo cortar a meta se superávit primário.
Novas metas
Na véspera, o governo reduziu a meta de superávit primário deste ano para R$ 8,747 bilhões, ou 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), contra R$ 66,3 bilhões, ou 1,19% do PIB, previstos até então.
Além disso, foi incluída uma cláusula de abatimento da meta fiscal em até R$ 26,4 bilhões, caso ocorra frustração em três medidas lançadas pelo governo para aumentar a arrecadação. Ou seja, há o risco de o governo não conseguir o superávit em 2015, e sim déficit primário, embora o governo avalie como “pouco provável”.
Dólar em julho (até 22/07)
Veja o valor de fechamento em R$ por data.
3,10893,1453,0963,13933,14213,18253,23383,23573,16123,13083,13853,1363,15823,19393,20063,17323,2257cotação em R$30/0601/0702/0703/0706/0707/0708/0709/0710/0713/0714/0715/0716/0717/0720/0721/0722/073,0753,13,1253,153,1753,23,2253,25
Gráfico elaborado em 22/07/2015
As metas para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7% e 1,3% do PIB, respectivamente.
O objetivo anterior para cada um desses anos era de 2% do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.
‘Derrota’ para Levy

Operadores entenderam que a decisão representou uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em seus esforços para reequilibrar as contas públicas brasileiras.

“Se parecer que o Levy vai continuar perdendo as batalhas, o mercado vai começar a colocar no preço a possibilidade de ele sair do governo, e aí sim o dólar explode”, disse à Reuters o operador de um importante banco internacional.
Mais cedo, o Banco Central deu continuidade ao seu programa de interferência no câmbio e seguiu a rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto, com oferta de até 6 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

Na véspera, o dólar avançou 1,65% frente ao real, a R$ 3,2257 na venda. Na semana e no mês, a moeda acumula alta de 1% e 3,76%, respectivamente. No ano, a valorização é de 21,33%.


fonte: Do G1

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