BC eleva juros básicos para 13,25% ao ano

BRASÍLIA – Com as expectativas crescentes para a inflação
neste ano, o Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira, por
unanimidade, aumentar os juros básicos em 0,5 ponto percentual para
3,25% ao ano. A elevação, já esperada pelo mercado financeiro, foi a
quinta seguida. O BC não deu sinais de que vai parar por aí. Publicou
exatamente o mesmo comunicado da reunião anterior e deixou a porta
aberta para mais aperto monetário. Com isso, a taxa Selic chegou perto
do patamar de 2008, quando o mundo estava mergulhado na crise econômica.
O cenário, entretanto, é bem diferente do daquela época. 

Há sete anos, o mundo vivia o colapso do subprime, um
choque do preço de commodities, perspectiva de desemprego. Já o Brasil
crescia a uma taxa de 5,2% com uma inflação de 5,9%. A alta era para
conter esse nível de aumento de preços.
Atualmente, a previsão é de recessão econômica de 1,1% neste
ano. Já o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em nada
menos que 8,13% no acumulado dos últimos 12 meses. E a expectativa do
mercado financeiro é que o índice, usado oficialmente no sistema de
metas, encerre o ano acima disso: 8,25%.
UM ANO PERDIDO
São números
muito distantes do teto da meta estabelecida pelo próprio governo. O
objetivo determinado pela equipe econômica é que a inflação seja de
4,5%, mas há uma margem de tolerância de dois pontos percentuais. No
entanto, 2015 é considerado um ano perdido e o BC já avisou que só
conseguirá chegar no alvo no fim do ano que vem.
Segundo o economista-chefe da corretora Gradual, André
Perfeito, seguir no ritmo de aumento de 0,5 ponto percentual é um sinal
de que o BC pretende ancorar as expectativas para o ano que vem. Elas
ainda estão longe do centro, em 5,6%, mas um pouco mais comportadas que a
inflação deste ano.
— O BC quis dizer que já que 2015 está perdido, tem de
concentrar seus esforços no controle da inflação do ano que vem —
explicou o analista ao lembrar os perigos que podem surpreender como o
aumento do preço de commodities, que afeta a inflação daqui.
DÓLAR EM ALTA
Além disso, a
valorização do dólar, principalmente, no primeiro trimestre, ainda terá
impacto nos preços. E o poder de fogo do Banco Central está reduzido
neste ano, já que a maior parte da inflação é de preços administrados,
ou seja, das tarifas de serviços públicos como energia elétrica. Esse
preços não respondem às altas do juros. Assim, a política do BC tem de
frear apenas a parte da inflação dos preços livres. Para fazer com que
isso tenha impacto no preço final, é preciso de apertar com mais força a
política de controle da inflação.
— A ideia é perder esse ano, mas recuperar os outros três,
mas não acho que isso vá acontecer — analisa o economista-chefe da
Austin Rating.
No comunicado, o BC não deixa claro que pretende encerrar a
alta dos juros. Repetiu que “avaliando o cenário macroeconômico e as
perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a
taxa Selic em 0,5 ponto percentual para 13,25% ao ano sem viés”. O
texto é conciso e dá a entender que o aperto da política contra a
inflação continuará.
Essa foi a primeira reunião dos dois novos integrantes do
Copom: Tony Volpon e Otávio Damaso, que assumiram na segunda-feira,
respectivamente, as diretorias de Assuntos Internacionais e de
Regulação. 
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