Cinco delatores já disseram que doação oficial era propina

Cruzamento dos depoimentos confirma pontos-chave da investigação

SÃO PAULO – As investigações da Operação Lava-Jato já contam com 18 colaborações premiadas. Um levantamento feito pelo GLOBO no que foi revelado dos depoimentos em troca de redução de pena — parte de acordos autorizados pela Justiça — revela que muitas informações dos delatores são confirmadas por outros, ajudando o avanço da produção de provas sobre o esquema de desvio de recursos da Petrobras para executivos da estatal, políticos, empresários e lobistas.

Uma das revelações é o suposto pagamento de propinas relacionadas a contratos da estatal por meio de doações eleitorais legais. Pelo menos cinco delatores confessaram à Justiça que abasteceram campanhas com recursos declarados à Justiça Eleitoral em troca de vantagens na Petrobras. O dono da UTC e coordenador do cartel das empreiteiras investigado pela Lava-Jato, Ricardo Pessoa, foi o último dos delatores a confessar esse artifício para abastecer campanhas do PT, PMDB e PSDB.

As coincidências ainda reduzem dúvidas sobre a prática de cartel, que ainda não foi denunciada pelo Ministério Público à Justiça, a utilização de consultorias para disfarçar propinas e, principalmente, o vício de licitações, contratos e aditivos na estatal. Dos primeiros acordos, do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, ao mais recente, do lobista Milton Pascowitch, as narrativas tendem a coincidir, embora existam contradições.

Costa e Youssef, por exemplo, divergem em pelo menos oito pontos. Entre eles, sobre um repasse de R$ 2 milhões à campanha de Dilma Rousseff em 2010, a pedido do ex-ministro Antonio Palocci. A defesa dos executivos e empresas exploram essas contradições e combatem a legitimidade da delação. Até a presidente Dilma já criticou dizendo: “não respeito delator”.



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