FHC diz que ‘não houve sensibilidade’ do PT para conversa antes da eleição
A Roberto D’Ávila, na GloboNews, ele disse que alertou: ‘Isso aqui vai mal’.
‘Tem que fazer uma espécie de autocrítica, coletiva. Eu propus isso’, afirmou.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila,exibida nesta sexta-feira (30) pela GloboNews, que antes da eleição do ano passado manteve contato com “duas pessoas ligadas ao PT” e propôs uma conversa.
Segundo relato do ex-presidente, ele afirmou aos interlocutores: “Olha, isso aqui vai mal. Está na hora de conversar”. Mas, descreveu, “não houve sensibilidade no momento adequado”.
O G1 procurou a assessoria do PT, a fim de ouvir o partido sobre a declaração do ex-presidente, e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Para FHC, é a superação da crise exige uma articulação na sociedade e uma “autocrítica coletiva”.
“Vai ter que ter uma rede – e não é o partido [de Marina Silva] – de pessoas representando vários setores da nossa sociedade e dos partidos porque você não sai de uma encalacrada do tamanho da nossa simplesmente um acusando o outro. Tem que fazer uma espécie de autocrítica coletiva. E eu já propus isso.”, afirmou.
Questionado se a presidente Dilma Rousseff está solitária no atual contexto, ele afirmou que sim. “Sozinho você não faz”, disse.
“Ela [Dilma] não tem vocação para conversar. Não comigo. Com o país, com o Congresso. Política é conversa. Estamos com falta de pontos de apoio para tecer uma nova sociabilidade política, uma maneira de se ter conversas”, declarou.
Sobre se aceitaria conversar com Dilma, FHC respondeu: “sem dúvida”. Perguntado sobre Lula e “outros nesse jogo” que precisam “estar juntos”, segundo questionou Roberto D’Ávila, o ex-presidente disse que “não há preconceito nenhum”.
“Mas é preciso esperar para ver quem vai estar de pé. Porque as coisas têm que ser passadas a limpo”, complemento
Para FHC, o PT foi “engolido” pelo “atraso” e necessita reagir. “Acho que o PT foi engolido. Pode reagir? Deve reagir a isso. O atraso, que eu digo, é o do ‘toma lá’, a ‘utopia regressiva’, e ficar pensando ‘ah, como era bom no passado.’ Vamos discutir o futuro.”
Ele criticou o PT pela tentativa de “uma desconstrução de tudo o que fizemos” e afirmou que o pressuposto da conversa é um aceitar o outro. “E eu aceito o PT. O PT não é um partido que deve acabar”, disse.
‘Herança maldita’
FHC criticou o PT por atribuir a situação do país em 2003, quando Lula assumiu o Planalto, à “herança maldita” deixada pelo governo do PSDB. Na avaliação do tucano, o governo petista “negou tudo” o que foi feito em sua gestão.
Para Fernando Henrique, o PT deveria ter entendido o momento político do país à época. “E eles [PT] fizeram o que? Era ‘herança maldita’ o tempo todo. Foi uma desconstrução do que fizemos. E assim não dá”, disse.
Crise
Ao falar sobre os cenários econômico e político do país, FHC avaliou que o Brasil não vai mudar se “não souber dar um passo e onde vai parar”. Para ele, o país caminha para uma situação “difícil” em razão da crise e dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos da Petrobras.
“Ou seja, um problema de ordem moral e outro, financeiro”, comentou.
“Independentemente do jogo político, estão criando fatos e fatos. Tem que mexer numa porção de coisa para provocar novos consensos. A crise, fundamentalmente, o que é? Falta de confiança. Não se faz nada porque ninguém confia que vai melhorar. Tem que se abrir horizontes de apoio que possam mostrar a todos e lá fora que o país sabe para o onde vai. Temos de recuperar o rumo”, completou.
‘Herança maldita’
FHC criticou o PT por atribuir a situação do país em 2003, quando Lula assumiu o Planalto, à “herança maldita” deixada pelo governo do PSDB. Na avaliação do tucano, o governo petista “negou tudo” o que foi feito em sua gestão.
Para Fernando Henrique, o PT deveria ter entendido o momento político do país à época. “E eles [PT] fizeram o que? Era ‘herança maldita’ o tempo todo. Foi uma desconstrução do que fizemos. E assim não dá”, disse.
Crise
Ao falar sobre os cenários econômico e político do país, FHC avaliou que o Brasil não vai mudar se “não souber dar um passo e onde vai parar”. Para ele, o país caminha para uma situação “difícil” em razão da crise e dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos da Petrobras.
“Ou seja, um problema de ordem moral e outro, financeiro”, comentou.
“Independentemente do jogo político, estão criando fatos e fatos. Tem que mexer numa porção de coisa para provocar novos consensos. A crise, fundamentalmente, o que é? Falta de confiança. Não se faz nada porque ninguém confia que vai melhorar. Tem que se abrir horizontes de apoio que possam mostrar a todos e lá fora que o país sabe para o onde vai. Temos de recuperar o rumo”, completou.
Do G1, em São Paulo e em Brasília