Aécio, sobre cargos em governo Temer: ‘PSDB tem responsabilidade com o país’

Senador se reuniu em São Paulo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o governador Geraldo Alckmin para discutir propostas do partido ao peemedebista

Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)(Washington Alves/Reuters)
Após encontros com o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros, ontem em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) desembarcou nesta quinta-feira em São Paulo para reuniões com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador paulista Geraldo Alckmin. Presidente do PSDB, Aécio discute com FHC e Alckmin os termos do apoio do partido a um eventual governo Temer, caso o Senado venha a afastar a presidente Dilma Rousseff em votação prevista para o dia 11 de maio.
Ao chegar ao edifício onde o ex-presidente mora na capital paulista, no bairro de Higienópolis, o senador mineiro falou em submeter a FHC as propostas elaboradas por senadores tucanos como Tasso Jereissati (CE), Antônio Anastasia (MG) e Ricardo Ferraço (ES), apresentadas ontem a Temer. “É importante que ele nos ajude a consolidar esse programa, da mesma forma como o governador Geraldo Alckmin”, disse Aécio.
Ao sair do encontro com FHC, o presidente do PSDB confirmou para a próxima terça-feira o anúncio de “um conjunto de ações emergenciais” do partido ao provável governo do vice. Ao lado de Aécio, o ex-presidente afirmou que “na agenda mínima do PSDB consta dar toda força à Lava Jato, consta levar adiante o processo de moralização”. Questionado a respeito da posição do partido sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, réu no STF por envolvimento no petrolão, FHC ponderou que Cunha responde a processos e que eles têm de chegar ao fim.
Aécio ressaltou que o PSDB tem “responsabilidade com o país”, embora não seja, segundo o senador, “beneficiário do impeachment”. “Quem sou eu para dizer não busque fulano de tal, se ele (Temer) achar que essa figura é extraordinária ou essencial a seu governo?”, afirmou. Fernando Henrique, que havia se posicionado a favor de tucanos no governo Temer, falou em “emergência nacional” e antecipou que quadros do PSDB não devem se negar a assumir postos no eventual novo governo. “Não será um governo do PSDB, não pode ter a cara de nenhum partido”, declarou.
Elogiado pelo ex-presidente por ter “sabido conduzir essas negociações”, Aécio disse que o fim da reeleição não é uma “imposição” a Temer, mas “estimula que várias outras forças políticas se somem a ele”.
Alckmin – No Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde recebeu Aécio Neves, Geraldo Alckmin recuou da posição de que tucanos não deveriam participar do governo de Michel Temer, mesmo que convidados. Em evento do agronegócio em Ribeirão Preto (SP), na segunda-feira, Alckmin havia afirmado que “não precisamos de pasta e nem cargo para poder fazer isso (apoiar o governo Temer). Sou contra a nomeação de ministros, já externei isso”. No discurso ao lado de Aécio, mais ameno, Alckmin disse não ter mudado de opinião, mas ressaltou que “o partido não vai impedir ninguém que queira aceitar participar se for convidado. Nós vivemos no modelo presidencialista, e o presidente monta sua equipe”.
A respeito da ideia de que tucanos dispostos assumir cargos no governo se licenciassem do partido, aventada pelo deputado federal Silvio Torres, parlamentar ligado ao governador paulista, Geraldo Alckmin disparou que “não tem o menor cabimento isso”. Aécio, que ao longo desta semana também flexibilizou sua opinião a respeito da participação do PSDB no governo do vice, diz sair de São Paulo “percebendo que há uma absoluta convergência” entre o que pensam FHC, Alckmin e o “conjunto do partido”. Assim como fez mais cedo, no encontro com o ex-presidente, o senador mineiro ressaltou que a “contribuição” do PSDB ao governo Temer não depende de contrapartida em cargos.
Revista Veja

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