Maia trava pedidos de impeachment, e oposição promete ir ao STF

Dos 23 pedidos protocolados, apenas um foi arquivado; 19 têm relação com delação da JBS

O presidente Michel Temer, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia – Givaldo Barbosa / Agência O Globo/7-6-17

BRASÍLIA
— Um mês após a apresentação de vários pedidos de impeachment contra o
presidente Michel Temer a partir da divulgação da delação da JBS, o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não se posicionou
sobre nenhum deles. A oposição cobra uma resposta de Maia, que é o
responsável por dar continuidade ou arquivar os pedidos, e já promete
inclusive ir ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Dos
23 pedidos de impeachment já apresentados contra Temer desde o início
de seu governo, apenas um foi arquivado. Dos outros, 19 são relacionados
à delação da JBS e três haviam sido apresentados após a saída de Geddel
Vieira Lima da Secretaria de Governo, em novembro.

Segundo
aliados, Maia vai aguardar a apreciação da Câmara sobre a denúncia que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar na
próxima semana contra Temer para se pronunciar sobre os pedidos de
impeachment. De acordo com um interlocutor, Maia espera que a denúncia
seja recusada e quer ter esse argumento para poder negar a tramitação
dos pedidos.

CASO PODE CHEGAR AO STF
O
primeiro pedido de impeachment foi protocolado pelo deputado Alessandro
Molon (Rede-RJ), que está irritado com a demora de Maia em tratar do
assunto. Molon afirma que, na próxima semana, entrará com mandado de
segurança junto ao STF pedindo que a Corte determine ao presidente da
Câmara a tomada de uma decisão.

Molon apresentou o pedido de
impeachment em 17 de maio, após O GLOBO revelar que Temer foi gravado
pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS. O deputado considera
“grave” o fato de Maia não ter deliberado ainda sobre o pedido e o acusa
de proteger Temer.

— É muito grave não haver uma decisão, porque
me impede, inclusive, de recorrer da decisão dele. O país está à deriva,
e o presidente da Câmara, para proteger Michel Temer e dar estabilidade
ao governo, impede o andamento do processo. Na próxima semana vou
entrar com o mandado de segurança no Supremo pedindo que Maia se
posicione. Essa demora agrava a crise política e econômica. O governo
não governa e só pensa no que fazer para evitar a prisão do presidente —
criticou Molon.

O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), diz que seu
partido, também autor de pedido de impeachment, continuará a pressionar
para que Maia tome uma decisão. Mas, o petista salienta que Temer
também deverá enfrentar a denúncia de Janot, que, segundo ele, tem
tramitação mais célere que o impeachment e trará resultados semelhantes.


Estamos pressionando para que ele tome uma posição. Mas há também fatos
novos, como a decisão da PGR de apresentar denúncia, que tem um trâmite
muito mais rápido que o pedido de impeachment. E, com a declaração do
ex-presidente Fernando Henrique de antecipação das eleições, vai criando
clima favorável para definir isto logo — afirma Zarattini.

Acompanhe Blog do Raimundo Lima

Deixe um comentário