Mito ou verdade: peixes que você não deve comer de jeito nenhum

A mensagem que tem circulado pelas redes sociais alerta para nove tipos de peixe que, pela quantidade de substâncias nocivas ao organismo, não deveriam ser consumidos


Blog do Raimundo Lima

Circula pelas redes sociais um vídeo que alerta para nove tipos de peixe que não deveriam ser consumidos pela população. Seja pela presença de substâncias consideradas nocivas à saúde, como o mercúrio, ou pela origem em água contaminada, os argumentos para evitar a carne branca podem parecer até convincentes, mas estão errados.

No início de março, o site Boatos.org, responsável por desfazer mitos que correm pela Internet, chamou atenção das pessoas para os erros contidos no vídeo. O argumento de que o bagre teria quantidades alarmantes de hormônios prova o primeiro equívoco. “Pois bem, além desse artigo, não encontramos nenhum outro que aponte os perigos do hormônio no peixe”, reforça o site.
Confira abaixo os argumentos e as explicações verdadeiras, conforme orientação da Marly Ranthum, farmacêutica bioquímica aposentada da Vigilância Sanitária do Paraná.

Bagre e hormônios:

O bagre é um peixe criado em tanque e, de fato, recebe rações que contêm hormônio. “Mas não podemos afirmar nada sem fazer nenhuma análise. É preciso ficar atento à procedência, se o peixe é criado em uma área com despejo de indústria. Tudo isso tem que ser avaliado”, explica a especialista.

Enguia, cavalinha, peixe-batata, badejo e atum x contaminação por mercúrio:

Não existe essa relação, segundo Ranthum. “Sempre que tem alguma relação nesse sentido, as pessoas devem ficar atentas se há algum resultado de análise do peixe divulgado. Caso contrário, é preciso desconfiar”, diz.

Tilápia e a quantidade de gordura:

A tilápia não é um peixe considerado gordo, muito pelo contrário, conforme ressalta o site Boatos.org. É um dos alimentos, inclusive, indicados no combate ao estresse.

Peixe panga e pâmpano manteiga vem de água contaminada:

Da mesma forma que a relação com hormônios ou com mercúrio, a contaminação do peixe depende do local onde é criado ou pescado e exige, sempre, análises que comprovem as afirmações – o que não é o caso do vídeo.

Cuidado com o peixe cru!

É importante lembrar, no entanto, que peixes consumidos crus precisam de um cuidado extra. Quanto mais peixe cru comemos, maior o risco de desenvolver infecções causadas por um pescado infectado. Como, por exemplo, o salmão, que pode desencadear a chamada “tênia do peixe” ou a difilobotríase.
Para evitar a contaminação, o procedimento mais adequado e que funciona sempre é congelar o peixe – caso o objetivo seja o consumo cru do mesmo. Caso o peixe seja assado ou frito, não há risco de contaminação.
Repense o consumo cru dos seguintes peixes e crustáceos, pois eles podem desencadear as doenças a seguir: Tainha (Fagicolose), Salmão (Difilobotríase), Linguado Chinês (Clonorquíase), Arenque (Anasaquíase), Bacalhau (Pseudoterranovíase), Cacharas, tipo de Pintado (Contracequíase), Lagosta, rã, caranguejo e peixes de água doce (gnatostomíase), Peixes de água doce (Capilaríase), Catfish, Mirabaia, Perca (Eustrongilidíase) e Chub (Dioctofimose).
Problemas 
Até o momento, foram registradas 12 doenças em todo o mundo relacionadas às infecções de peixes crus. No Brasil, há o registro de pelo menos quatro doenças com pessoas contaminadas, e uma quinta doença de pessoas que se contaminaram fora do país.
Consumo baixo
Por ano por, o brasileiro consome cerca de 10 quilos de peixe, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura — a média mundial é de 18 quilos. No Japão, 86 quilos e, na Irlanda, 80 quilos. Portugal com 55 quilos, Espanha com 35 quilos e a França com 24 quilos.
Veja o vídeo com as dicas erradas e não caia em fake news

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